Historiador e sociólogo não veem sentido nas manifestações em frente aos quartéis do Exercito e os bloqueios de rodovias

Tendo em vista os acontecimentos pós segundo turno das Eleições por parte de integrantes da direita, apoiadores de Bolsonaro, que em todo o Brasil se manifestam através de bloqueios de rodovias e vigília em frente aos quartéis do Exército ou mesmo nas ruas, pedindo intervenção federal, o Fatos Regionais ouviu a opinião de dois professores da esquerda, sendo um de história e outro de sociologia. Ambos consideram que os atos são sem sentido e antidemocráticos, já que Lula foi eleito pela vontade da maioria.

O historiador Pedro Agostinho (PT), que foi candidato a deputado nestas eleições, diz ser a favor de qualquer manifestação pacífica, que venha requerer para si direitos sociais e trabalhistas ou que proteste contra alguma ação do Governo. Isto, porém, observa, não é a intenção desse movimento que, inclusive, anuncia para segunda-feira (7) uma greve geral. Para ele, os que articulam estas manifestações não tem a mínima noção do que vem a ser pátria. “Pátria é respeito aos valores individuais, aos valores do país e aos valores culturais da Nação”, define.

O professor diz ainda que se trata de pessoas que não aceitaram os resultados das urnas, em que Bolsonaro foi derrotado de forma democrática, que estão sendo induzidas por alguns com pensamento de que haveria conjuntura para uma intervenção federal e que estão totalmente equivocados. “São pessoas antidemocratas, que não aceitaram o resultado das urnas e isso só dificulta a construção da nossa democracia”, cravou.

Reportando-se a 2018, Pedro Agostinho cita o fato de que Fernando Haddad, ao ser derrotado nas urnas, foi às suas redes sociais parabenizar Bolsonaro pela vitória e desejou um bom Governo, em nome do País. “Isso é democracia e é isso que a gente precisa ter. Em nenhum momento, o Haddad ou qualquer outro líder de esquerda fez com que os seus eleitores desencadeassem alguma manifestação antidemocrática. Pelo contrário, colocamos no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais, uma oposição responsável para cobrar e apontar os erros dos atuais governos e é isso que esperava que os apoiadores do Bolsonaro fizessem”, pondera.

Pedro Agostinho ainda comenta que o artigo 142 da Constituição Federal - invocado pelos manifestantes -, em nenhum momento se enquadra no que está acontecendo.

Surreal

“Todos têm o direito de manifestar, mas primeiramente precisa ter bem definido qual a finalidade dessa ação coletiva. Necessitamos ter o esclarecimento sobre o cenário político e quais fatores são democráticos ou antidemocráticos, respeitando a pluralidade existente no Brasil, com muita maturidade política e social para os movimentos sociais que estão ressurgindo a partir do resultado eleitoral”. A opinião acima é do professor de sociologia Reynood Duarte.

Especificamente no que se refere aos movimentos em frente aos quartéis e os bloqueios de rodovias, Reynoold argumenta: “esses atos estão sem sentido, não ficou esclarecido quais são as reivindicações; se for intervenção militar ou federal, são antidemocráticos”.

Sobre a greve geral convocada para segunda-feira com o intuito de que as pessoas fechem suas empresas, indústrias, fábricas e comércios para lutar contra a instalação do comunismo, Reynoold classificou como surreal.

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